Ignore a batalha entre Elon Musk e Mark Zuckerberg, o desafio com a inteligência artificial já está aqui



Por: Tom McKay
 

mark-elonOs empresários gigantes da tecnologia, Elon Musk e Mark Zuckerberg, entraram em uma batalha pública, meio boba e auto indulgente a respeito de inteligência artificial nos últimos dias. Musk alertou que robôs movidos por inteligências artificiais poderiam conduzir alguma forma de guerra automatizada que daria à humanidade o seu desaparecimento, enquanto que Zuckerberg respondeu dizendo que ele “está muito otimista” que a IA poderia nos guiar para a era de ouro de uma tecnologia que salvaria vidas.

Ambos se alfinetaram, com Zuckerberg dizendo que a visão do apocalipse é “bem irresponsável”, e Musk tweetou que pensa que o líder do Facebook simplesmente não entende o problema. Esse assunto como um todo é um pouco desnecessário, já que a verdadeira inteligência artificial ainda é um sonho inalcançável e ambos devem se beneficiar grandemente com a tendência das máquinas capazes de aprender que irão automatizar trabalhos e concentrar o controle da emergente economia digital em poucas mãos. O co-fundador do Coursera, Andrew Ng, um verdadeiro pesquisador de inteligência artificial que era cientista chefe na companhia chinesa Baidu, comentou sobre este último ponto citado na última terça-feira (25).

“Como uma pessoa de dentro do desenvolvimento da inteligência artificial, tendo construído e finalizado muitos produtos de IA, não vejo um caminho claro para que a IA ultrapasse o nível de inteligência humano”, disse Ng aos participantes do evento Harvard Business Review, de acordo com o VentureBeat. “Acho que a remoção de trabalhos é um grande problema, e é aquele que gostaria que pudéssemos focar, em vez de ficarmos distraídos com esses elementos distópicos de ficção científica”.

“Tenho estado em muitas conversações privadas com líderes de inteligência artificial, ou líderes de negócios que estão trabalhando em novos produtos de IA que irão extinguir dezenas de milhares de empregos em uma única empresa, talvez mais do que isso em múltiplas empresas”, adicionou. “E o interessante é que muitas das pessoas cujos empregos estão exatamente na mira das tecnologias, muitas das pessoas que estão fazendo os trabalhos que estão prestes a não existirem, elas não entendem a IA, elas não possuem o treinamento para entender a IA”.

“E então muitas pessoas cujos empregos estão prestes a desaparecer não sabem que estão na mira”, concluiu Ng.

Nos Estados Unidos, 5,6 milhões de empregos de manufatura desapareceram entre 2000 e 2010, de acordo com o um recente estudo realizado pelo Centro de Pesquisa de Negócios e Economia da Universidade Estadual Ball, com aproximadamente 85% dessas perdas “atribuíveis à mudança tecnológica – largamente a automação”. As estimativas variam, mas no geral todas apontam que uma grande parte dos empregos podem ser perdidas para a tecnologia – o número nos Estados Unidos fica em algo entre 38% e 47% de todo o emprego disponível no país em risco.

Isso se encaixa com o alerta de Ng de que tecnologias de inteligência artificial como machine learning (aprendizado de máquina, em português) estão colocando em risco muitos empregos que normalmente achamos que irão continuar no domínio humano. Pesquisadores desse campo estão emitindo esse alerta há anos. Um estudo de 2013 da Universidade de Oxford sobre computadorização identificou um número de profissões em alto risco, desde técnicos de tráfego, passando por técnicos de registros médicos, responsáveis por concessão de empréstimos, operadores de reatores nucleares e até redatores técnicos.

Risco é apenas risco, e algumas pesquisas recentes sugerem que a automação e computadorização dos empregos nos Estados Unidos estão diminuindo nos últimos tempos, em parte porque os salários continuaram tão baixos que trabalhadores ainda são mais baratos do que alguns novos brinquedos chiques. Mas em outro ponto, Ng está certo: pesquisas populares mostram que os cidadãos americanos tendem a ser otimistas a respeito de que essa tendência não acabe com seus empregos, apenas de outras pessoas com menor nível de educação. Isso não funcionou muito bem com a indústria de táxis.

Um drama futurista de alto conceito discutindo se as máquinas irão nos matar os nos salvar ganha as manchetes. Mas um problema mais imediato já está aqui: descobrir como manter a economia funcionando para a maioria de nós, antes que pessoas como Musk e Zuckerberg fujam com toda a nossa grana.

[VentureBeat]





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