Educação e diversidade: resistir é preciso!





*Gelson Silva Junquilho

Indígenas massacrados, negros escravizados desde 1500. Caldo de cultura discriminatória e perversa, reproduzida por meio de algumas manifestações preconceituosas e sectárias. Reportagem recente de A GAZETA mostrou a atitude desrespeitosa e anticristã de um pastor contra uma boneca afro do Cmei Cida Barreto, condenando-a como um “símbolo de outra religião”.

Quanta barbárie e intolerância religiosa, tão apregoadas em nosso cotidiano e que, infelizmente, tantos males causam à humanidade.

Penso que o pastor não conheceu a nossa saudosa professora, doutora Cida Barreto, ex-vice-reitora da Ufes e que dá nome ao Centro Municipal de Ensino Infantil. Em vida, a professora Cida ajudou a formar diversos profissionais da educação que hoje atuam nas redes públicas de ensino no Estado.

Sabia, como ninguém, praticar os conceitos de alteridade, auto-reflexividade e reflexividade crítica que, com muito respeito, não são conjugados pelo pastor.

Também é importante saber que a educação no Brasil é inclusiva e, nos dias de hoje, tem que tratar da diversidade a partir de várias lentes, sendo uma delas a História e Cultura Afro-Brasileira. A intolerância ao que foi chamado de “símbolo de macumba”, na reportagem citada, é um ato racista e preconceituoso e, acima de tudo, anticristão. Satanizar História e Cultura como “objeto de adoração e macumba” beira ao absurdo e incapacidade para pensar e respeitar o outro, em minha opinião, uma condição para nos dizermos religiosos.

Penso que o Cmei Professora Cida Barreto é que não cabe na Igreja do pastor. A boneca Abayomi deve resistir como símbolo de uma cultura e provocar a construção de um espaço próprio e digno de uma educação infantil do século XXI. Sei que a educação do município de Vitória é administrada por uma profissional comprometida com uma educação de qualidade. Resistamos pois: #ForaintolerânciaporumnovoespaçodignodeCidaBarreto!

*O autor é professor, pró-reitor de Assuntos Estudantis e Cidadania da Ufes e ex-secretário de Educação da Serra

 

Fonte: http://www.gazetaonline.com.br/opiniao/artigos/2017/08/educacao-e-diversidade-resistir-e-preciso-1014089931.html





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